Mais uma vez escrevo sobre coreanos do sul. Pelo grupo Super Junior me abalei para São Paulo para assistir ao show da turnê World Round SS 09. Tudo meio de última hora, porque o anúncio da vinda foi rápido- os ingressos Vip acabaram em poucos minutos. Ouvindo conselhos de quem já viu em outras cidades, comprei no mezanino, porque haveria cadeiras para pausar durante as previstas três horas de  show. Já vou logo dizendo que não tinha cadeiras, nem foram três horas, foram duas horas e meia. Fui pra pista! 

Antes, também conta: como as portas (gosto de chamar de porteiras, kkk) abririam às 18h, para o show começar às 20h, a fila começou na véspera, com gente dormindo na rua. Eu fui às 16h, torcendo para que não chovesse, mas de capa de chuva amarrada na cintura. Então, se os rapazes voaram 24 horas de Seul até Santiago (onde o show foi dois dias antes) e mais 4 de Santiago até São Paulo, eu fiquei duas horas na fila, insegura pela desorganização, ninguém orientava onde ficavam as filas de pistas e do mezanino. Depois, mais duas horas até começarmos a gritar com o início do show, com uma das minhas favoritas, Burn the Floor. E mais as duas horas e meia de show. Por mim, ficava lá até hoje.

 

Na fila, com minibanner do Heechul e a camiseta X da Tempus, criada por DongHae

Mas um evento que atrai gente de todos os estados, de outros países (como a americana, que subiu na grade e ficou berrando, atrapalhando quem estava atrás) tem que ser levado em conta. Sabem qual foi a única notícia publicada no Google? Que tinham perdido a mala do Yesung, com remédios. Depois acharam, claro. Mas uma palestrinha: remédio não se põe na mala que despacha, tem que ser na bolsa de cabine.

O Super Junior, k-pop ativo há mais de 17 anos, ainda com nove membros da formação original de 13. Considerado lenda na Coréia do Sul, uma das primeiras manifestação da cultura Hallyu, que marcou a modernização coreana. Para saber mais, tem que ver o documentário Last Man Standing, no canal Disney +. Há quem chore, comovida.

O Super Junior tem características especiais: além das coreografias, todos têm vozes capazes de enfrentarem árias operísticas. E o mais importante: a capacidade de interação constante com a plateia, que corresponde sacudindo bastões de luz, cantando junto, dançando. Muito impressionante, param para autografar cadernos, fazem corações com as mãos, sentam na beira do palco para mandar beijos. E voltam a dançar, sem perder um passo. A plateia correspondeu, na maior animação, cantando como conseguia e berrando os refrôes em inglês (“Blow your mind!” do Mr. Simple, por exemplo). Nas apresentações do grupo deu para lembrar do show do Queen, no Rock n Rio, quando Freddie Mercury sacou que o público cantava, sem entender nada de inglês. DongHae, do Suju (como é conhecido o SuperJunior), também perguntou se todos estudavam coreano, porque cantavam junto as músicas. Resposta unânime: nããão! Eu levantei a mão, tímidamente, hahaha. Muito bom ver a acolhida nas apresentações, Todos foram recebidos aos urssos, tanto o bonitão Siwon (pronúnica Shiuon), como o maravilhoso DongHae (Donrrê), e o querido Shindong, alé do líder Leeteuk, Yesung, Riewook, todos devidamente gritados. 

Cenários simples, de luzes e imagens de Led, chuvas de papelzinho de vez em quando, palco com extensão em passarela. Uma produção típica de quem continua a turnê até fim de março,  no mínimo. As agendas da Europa e América do Norte ainda não abriram. Por enquanto, a turnê acaba em março, no Vietnam. Nesta hora, dá vontade de dar uma de groupie, seguir o bando pelo mundo afora. 

Para falar de moda, o figurino foi de uma espécie de farda até looks pretos de brilho e camisas brancas, de babados, lindas. No final, a bagunça, todos de camisetão over sized e calças jeans largonas. O líder Leeteuk vestiu a camisa da seleção, DongHae se enrolou na bandeira e fizeram o L com as mãos. Muita gente achou que era pelo presidente Lula. Não entenderam que os SuJus se referiam a Love. Povo que não entende coreano, inglês, português. Nem prestaram atenção na intérprete. Aliás, rolou o boato de que devido às muitas horas de vôo, Leeteuk estaria com hemorroida. E era problema de coluna!  

Nas redes sociais é unânime a aprovação da SS09, nome da turnê. Um detalhe interessante: nem 10% do público tinha origem asiática, vindos da grande população coreana de São Paulo. Foi uma mistura de jovens e idosos, desde o grupo de pessoas que foi ao show há 10 anos e garotada estreando como fãs, as chamadas Elfs (ever lasting fans ou friends, amigas ou fãs para sempre). Nos grupos formados por localizações no Espaço Unimed, os primeiros comentários foram de não acreditarem de terem visto os idols de tão perto. Dois dias depois, algumas linhas se dizendo de ressaca do show. Agora já há sinais de depressão! Claro, há muitos shows maravilhosos pelo mundo e por aqui mesmo (basta dizer: Caetano! Gil! Adriana Calcanhoto! as Escolas de Samba!). Mas este Super Junior pegou a todos de surpresa, pela competência artística e pela empatia com o ´público. Pareciam todos parentes nossos. 

De São Paulo seguiram para Lima, no Peru. De lá, vão para dois super shows na Cidade do México, onde o fandom é tão forte, que conseguiu trocar o lugar da apresentação e conseguiram um show a mais. Coitado do Leeteuk, haja costas.  

. Quanto a mim, volto às aulas diárias da professora Sandra Jang e às dificuldades do Duolingo. Me aguardem, aniorrasseió.(meu teclado cisma de não escrever nos caracteres coreanos)