A dupla de holandeses da Viktor & Rolf mais uima vez apostou no preto e branco. Uma coleção que pode ser classificada de bem leve, com bracinhos de fora, grandes laços que se transformam em volumes fofos. O destaque, para prestar atenção, é uma reedição do Destroy e dos desfiados que ainda assolam os jeans: calças e casacos justos apresentam áreas com aspecto de desfiado, como se linhas e tufos brancos escapassem das tramas em preto. Nos cabelos, trancinhas coladas e nos pés, mocassins de salto baixo, em verniz preto ou vinho.Outro acessório? Uma bolsinha em forma de granada! Lembram do perfume deles, Flower Bomb? Virou a bolsinha toda facetada.

 

Vestido curtinho, a partir de um grande laço, de Viktor & Rolf (foto Marina Sprogis)

Sou fã do Neil Barrett, inglês discreto, que sempre recebe de maneira elegante. Com champanhe, Mimosas, macarons, pequenas delícias de patês. As roupas para pegar e ver de perto, nas araras, e de meia em meia hora, um pocket-desfile impecável. Algo Bauhaus e geométrico na coleção, enfatizado pelas linhas diagonais, mas a tendência da mistura de texturas está presente, como em todas as propostas da semana. No Barrett, há sobretudos lindos, em cinza, tailleurs ajustadinhos, em ziguezague preto e branco e botinhas também combinando couro, verniz e cavalinho. Nos blusões femininos e masculinos, o mix é de seda, jérsei de algodão stretch e cavalinho (ou pony skin). Nem vamos nos demorar muito na história do cavalinho, que me dá vontade de chorar de pena.

A entrada de cinzentos no espaço de Neil Barrett (foto Ines Rozario)

Mais ingleses, desta vez um grupo que lança a East India, marca com tecidos e bordados feitos na Índia, em modelos de estilo europeu. Quase uma alta costura, com preços que ficam entre 900 e 15 mil LIBRAS (não são dólares, nem reais, nem euros, são Libras inglesas, cada uma valendo R$ 2,98). O lançamento foi feito em local de acordo com o luxo dos bordados de pluminhas, cristais e contas de plástico: o salão Aigle, no hotel Crillon. Um detalhe, destes que gosto de saber: um dos vestidos mais suntuosos leva quatro dias para ser bordado por 20 homens! Sim, são senhores bordadores, que enfrentam este verdadeiro trabalho pesado e delicado ao mesmo tempo.

Longos bordados da East India em um dos salões do Hotel Crillon (foto Ines Rozario)

Jean-Paul Gaultier, com suas listras e estilo masculino/feminino (foto Marina Sprogis)

À noite, o grupo de convidados se dividiu entre o francês Jean-Paul Gaultier e a dupla alemã da Kaviar Berlin. Pela eterna curiosidade de ver gente nova, fui para a igreja arruinada ao lado da Gare de l’Est onde a Kaviar mostrou seus couros cortados a laser, quase rendados, em tops e blusas, vestidos longos. Mais uma alfaiataria bem bonita, com bolsos saindo por baixo das barras dos paletós. Muito incrível a beleza, com rabos de cavalo longos e maçãs do rosto destacadas por gloss. Mas meio desorganizada a entrada, deixaram os convidados chegarem até a porta da sala, os últimos ficaram apertados em um corredor ou na escada do lado de fora. Enquanto isso, rolava o ensaio. Definitivamente, quem tem claustrofobia não aguenta uma semana de moda. Bacana que a Kaviar presenteou seus convidados com uma sacolinha cheia de produtos de tratamento de beleza suíços e alemães.  Vamos voltar mais jovens para casa.

Intervalo / Marina Sprogis foi para o Gaultier, vai me contar tudo amanhã / ainda não temos fotos da Kaviar Berlin, porque não me acertei com a Nikon nova. Tentei, mas faltou técnica, leitura mais atenta do manual, enfim, tempo para aprender a usar / faltou luz no hotel agora há pouco. Não sei por que.mas me senti em casa / o make agora é matte, fosco / sumiram as botas por cima dos jeans skinny, as peças mullet (vai ver, elas voltam no verão daqui da Europa). E o preto continua imbatível / amanhã tem Galliano!