Dizem que é um vento da Sibéria. Também pode ser do sul, onde as neves continuam caindo. O fato: nunca vi tanto frio em pleno março. Pelo menos não neva, o que já resolve muita coisa para quem precisa ficar para lá e para cá a pé. Porque hoje foi um dia em torno do Louvre e da rue Saint Honoré, com boas entrevistinhas.

Leonard, remoçado
A Veronique Leroy assina a coleção desta marca clássica, famosa pelos vestidos de jérsei de seda com estampas de lenço. Incrível, como é possível revitalizar o velho vestido estampado, típico de guarda-roupa de mães burguesas nos anos 1960. Basta convocar um elenco de garotas modelos de cabelos e pernas longas, contrastar os vestidos com ankle boots peep-toe de salto altão. Sabem que ficou até um conjunto tentador? Aquele tipo de roupa que quebra um galho em uma festa, viaja bem, sem amassar na mala e é atemporal.
Veronique fez longos, saias curtas, calças drapeadas e vestidos curtos. Usou as estampas florais de sempre e acrescentou algo de África. Principalmente as estampas dos tecidos de algodão africanos, que ficaram bem bonitas nos tons de marrom e preto.

Dali, parti para ver o salão Tranoï, logo do outro lado do corredor do subsolo do Museu do Louvre. Destaque para alguns expositores:
Primeiro para a Osklen, claro. Veio a coleção de inverno desfilada em São Paulo e mais
Ótimas propostas em moletons e um tecido de metal e lã preta. O que fez mais sucesso? Os modelos mais conceituais! Aqueles geométricos, em couro ecológico estampado, como o vestido-mochila.
Depois, a Rosa Clandestina, da Silvia Arguello, nascida nos Estados Unidos, filha de pai cubano e mãe nicaragüense, estudante de moda em Paris e atualmente trabalhando em Milão com sua marca. A coleção é quase toda feita em baby alpaca, a lã macia retirada do papo das alpacas peruanas (é uma espécie de lhama). Muita qualidade e trabalho artesanal nas roupas com forro de seda pura estampado com obras de artistas plásticos, como o americano Craig Kucia. No salão, Silvia recebeu compradores do mundo inteiro, inclusive do Brasil. Agora, começa uma nova fase, de pesquisar quem são os melhoes para vender suas delicadas peças. E o nome, por que Rosa Clandestina? “Porque rosa é a feminilidade, a parte européia do meu trabalho. E Clandestina é a América Latina, a alpaca, esta mistura”.
Mais adiante, bolsas jogadas sobre um piso coberto de fotos em preto e branco. É a coleção feita em lona de caminhão reciclada e lavada, com design criado para atender ao dia-a-dia de jornalistas. A marca Freitag é suíça, de Zurique, segundo contou Filippo Castagna, diretor de marketing.
Claro que peguei uma das bolsas, para ver o peso e o tamanho. Tamanho, ok, cabe celulares, netbook, câmera, caderninho, etc. Mas o peso…sou mais a minha Jelly de nylon preto, levinha e espaçosa.
No caminho, a coleção da Amaya Arzuaga, que conheci em Madri, na passarela Cibeles. De longe, a moda mais conceitual do Tranoï. E rica: até as botas são bordadas

Haja tempo para ver tudo. Hoje era o último dia dos salões, tinha que perder os horários da tarde para conferir pelo menos o Tranoï. Ainda teve Tara Jarmon, Kenzo, Pierre Cardin. Amanhã eu conto, junto com Chanel.