Agora que acabou, sem maiores problemas, podemos comentar: em meio a interdições de ruas próximas, proibições de chegadas e saídas de taxi, gastos com estacionamento e vans altas demais para passageiros carregados de equipamentos e bolsas pesadas, até que foi tranquilo este Fashion Rio, edição do inverno 2014.
O Pier obrigou a subir e descer nas vans, para percursos mínimos, que podiam (e já foram, em edições anteriores) feitos a pé. Desta vez, o argumento era que a Polícia Federal impedia que se andasse ao longo do cais. Ou seria para separar o Fashion Rio do Salão Bossa Nova? Provavelmente, já que até as vans eram diferentes para os dois eventos, assim como as credenciais. Por que esta separação, se um sempre amparou o outro?
Visualmente, o salão foi muito bem, com 150 grifes caprichando nos seus espaços. Se vendeu, impossível saber ao certo. Alguns expositores alegavam que não, outros nem falavam, ocupados em atender aos compradores e visitantes, como a Lavish, de bijuterias. Outros, trancados em locais fechados, deixavam de atrair compradores sem agendamento. Mas foi um aviso de que o antigo Fashion Business (um nome muito melhor) sobrevive ao Bossa Nova e aos baixos orçamentos da atualidade dos eventos.
No Fashion Rio, a agenda pequena conseguiu destacar boas notícias para a moda de inverno. Mudaram o estilo: a Alessa, que trocou a exuberância dos caftans estampados por sóbrios tweeds; a Coca-cola Jeans, com mais moda de hoodies e peludos do que logotipos de refrigerante; a Espaço Fashion, com menos tecido e mais realidade nos looks de saias rodadas. Mantiveram a classe: Andrea Marques, Sacada, Coven e R. Groove. Surpreenderam nos materiais: Patricia Viera (sempre, a rainha do couro), Victor Dzenk, que acrescentou mais luxo nos seus bordados, Filhas de Gaia, adentrando o mundo dos veludos e tricôs sem perder o ímpeto over, a TNG, dando show de spikes e Herchcovitch, com o jeans Emana trabalhado com primor. Linhas mais secas na Iódice, que reduziu a ala de alfaiataria e fofices na Oh Boy! A 2nd Floor tem modelagem impecável, mas podia ter alternado a estampa única com cores lisas, para definir melhor as peças. Ausländer veio ao contrário da 2nd, com descoordenação de looks, unidos pelo make e pela trilha da cantora. O grupo Rio Moda Hype cumpriu seu lugar de projetos futuros, equilibrando com marcas com perfil mais comercial. Vamos ver o que aprontarão a Ocksa, de Porto Alegre e a Wasabi, do Rio, representantes das duas vertentes do RMH.